A “Marcha das Vadias” é coisa séria

5 jun

Por Tatiana Cavalcanti

A “Marcha das Vadias” reuniu neste sábado mais de 400 pessoas na Avenida Paulista (região central de São Paulo) com lemas contra a agressão sexual e a favor direitos femininos. Apesar de muitas piadas pelo nome provocativo da passeata, o assunto é bastante sério.

As mulheres, e alguns homens, protestavam contra a justificativa que alguns estupradores dão, para minimizar esse ato covarde, de que a roupa da vítima era provocante. É inconcebível aceitar uma razão para uma agressão de proporções tão horrendas e ainda culpar a vítima pelo estupro. Digo isso como mulher e cidadã: a roupa curta ou sexy não é consentimento para sexo, como diziam alguns dos cartazes na passeata.

Muitos tipos de protestos podiam ser encontrados na “Marcha das Vadias”, além dos cartazes e gritos de guerra. Cerca de 10 mulheres sentaram-se no vão da Paulista, próximo ao cruzamento com a Avenida Consolação, comendo maças e jogando-nas no chão. A referência é à história bíblica de Eva, que teria cometido pecado e isso levaria à diversos preconceitos contra a mulher, como se fosse a culpada pelo fim do chamado “Paraíso”.

Num dado momento, algumas mulheres começaram a vaiar um grupo de homens vestidos de hobbies e que carregavam um “barangômetro” (uma espécie de medidor de beleza), que foi imediatamente destruído. O líder do pequeno grupo era o empresário Foca, proprietário do Clube das Mulheres. “Foi só uma brincadeira, estamos aqui para apoiar as mulheres”, disse. Uma mulher revoltada começou a discutir com Foca, revoltada com as atitudes que ela considera machista e de mau gosto.

Durante a passeata, muitas pessoas justificavam suas presenças e sentiam orgulho por participar de tal ato. “Conheci duas mulheres que sofreram agressões sexuais, isso é um absurdo, é um assunto muito sério, por isso estou aqui na passeata”, disse uma das manifestantes. Uma mulher levou o filho de 13 anos para conscientizá-lo dos direitos femininos. “Quero que ele seja um homem melhor, que respeite as mulheres, em especial quando elas dizem não”.

Alvo da passeata
Mas o alvo da “Marcha das Vadias” era Rafinha Bastos, apresentador do programa CQC, que declarou recentemente à revista Rolling Stone que “mulher feia devia ver estupro como uma ‘oportunidade’”.

Da Avenida Paulista, a passeada seguiu para a Rua Augusta, onde o apresentador mantém um teatro para seu show de stand up comedy. Ali, as dezenas de mulheres, algumas vestidas apenas de sutiã e calcinha, colaram os cartazes na porta do local com dizeres como “minha roupa não é meu consentimento”, “a violência contra a mulher não é o mundo que a gente quer”, “nem santa, nem vadia”, “Rafinha Bastos defeca pela boca” e “machismo não leva a nada, estupro não é piada”. Outras mulheres erguiam cartazes com a palavra “CQCista”, uma referência à palavra sexista, ou machista.

Como mulher, novamente digo: espero que a passeata sirva para começar a mudar pensamentos pequenos e machistas de que a mulher não passa de um produto, uma mercadoria a ser consumida. Temos sentimentos e podemos conquistar as mesmas coisas que os homens apenas pelo que somos.
O mundo seria muito melhor se esse tipo de preconceito, e muitos outros, nem fossem mais necessários de ser discutidos. Perder tempo com preconceito, de qualquer espécie, demonstra burrice e insegurança.

Onde tudo começou
A Marcha das Vadias, ou Slut Walk no original, surgiu há dois meses em Toronto, no Canadá, após um policial “aconselhar” estudantes de um campus a evitar se vestir como vadias (slut, em inglês) para não serem estupradas.

A declaração infeliz revoltou as estudantes, que logo realizaram uma passeata com o provocativo nome de “Slut Walk”. A proporção da manifestação contra o machismo atingiu proporções planetárias. o planeta. Algumas cidades ao redor do mundo realizaram simultaneamente a mesma parada, como Los Angeles e Chicagos (EUA), Buenos Aires (Argentina), Amsterdã (Holanda), Paris (França) entre outras.

Mulheres se vestem com saias curtas, meias arrastão e decotes, num tom bem humorado, para mostrar sua revolta e dizer que a roupa não é uma forma de consentir ao sexo. Tudo isso sem a menor vulgaridade, o que demonstra que o assunto é sério e deve provocar a reflexão nos homens, para pensarem antes de cometer alguma infração, e para as mulheres terem coragem de denunciar esse tipo de agressão.

5 Respostas to “A “Marcha das Vadias” é coisa séria”

  1. ANA PAULA SEMPRE "CU" 10 de junho de 2011 às 5:02 PM #

    COMOFAZ quando a gente não tem orkut, nem facebook, nem twitter e tem que ficar procurando uma pessoa que ao invés de usar seu nome usa “losstones” pra se apresentar pro mundoooooo?????

    Pensei várias vezes em você essa semana.. tava te procurando.. e meioqueteachei.. então, por favor.. você pode entrar em contato comigo??!?!?!

    Meu e-mail tah aí embaixo.. vc me deve uma visita…

    Saudades.. gosto muito de você viu??!?!?

  2. Richard 14 de junho de 2011 às 12:46 PM #

    Primeiro, não sei porque raios dão tanta atenção ao que um idioto como o Danilo fala. Essa marcha serve apenas para mostrar o quão influente é a opinião dele para essas mulheres mais idiotas ainda.

    Outra coisa: Essa marcha não vai mudar nada, a mulher que não se der o respeito, seja pela roupa ou seja pelo comportamento, continuará a ser tratada como objeto.

    Isso não vai mudar, a mudança tem que vir das próprias mulheres.

  3. Richard 14 de junho de 2011 às 12:48 PM #

    Lembrando é claro, que nada justifica o estupro. Deveria ser punido com pena de morte.

    Porém, com relação a respeito, isso tem que partir das mulheres.

  4. HC 8 de julho de 2011 às 7:28 AM #

    Nada de fato justifica o estupro. Mesmo porque um cara que tem coragem de arrastar uma mulher pro meio do mato a força e estupra la, tambem tem coragem pra matar, roubar, e fazer todo tipo de atrocidade. Só uma bala na cabeça mesmo do infeliz, pois isso não tem como recuperar.

    Mas eu acho que as mulheres também não precisam andar pelas ruas mostrando tudo. A gente que é homem adora, é claro. Mas acho que elas perdem um pouco do seu valor natural de mulher. Precisam se dar o respeito e se valorizar mais isso é fato. Dai a roupa diz muito sim…Existem mulheres que quando a gente olha, pensa em sexo, e outras que olhamos e pensamos em algo mais serio, nisso a roupa influi. E a mulher sabe do poder de sedução que possuem sobre os homens, nenhuma é inocente em relação a isso.

  5. Dani 5 de junho de 2012 às 10:57 AM #

    Eu super apoio a causa, como se roupa definisse caráter, que cara mais idiota!

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